Publicado por Redação em Saúde Empresarial - 22/06/2011

Einstein adere à filosofia Positive Deviance no combate a infecção hospitalar

Positive Deviance, um conceito originado da literatura de pesquisa nutricional com o livro “Positive Deviance em Nutrição”, publicado pela Tufts University (EUA), do professor Marian Zeitlin, na década de 1990. A princípio, o intuito era promover intervenções sociais para tratar do problema da desnutrição infantil. No entanto, a filosofia se estendeu com sucesso para outros setores como saúde pública, educação, proteção das crianças e grupos vulneráveis.

O método Positive Deviance baseia-se na identificação de pessoas que, dentro de uma comunidade, destacam-se em termos comportamentais. E, segundo o conceito, tais pessoas devem interagir com as demais por meio de troca de experiências e, assim, promover melhorias na comunidade em que atua.

No início de 1990, o professor da Universidade Tufts Jerry Sternin e sua esposa, Monique, colocaram em prática as ideias de Zeitlin em países africanos como Sudão e Etiópia. De acordo com o infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE) e coordenador do estudo Positive Deviance, Alexandre Marra, eles perceberam que algumas crianças dessas regiões cresciam e conseguiam ingressar em uma faculdade, enquanto outras, sob as mesmas condições, não.

Os pesquisadores perceberam que as mães que faziam os filhos lavarem as mãos antes das refeições, que se preocupavam em não colocar as crianças para dormir no chão frio e misturavam a comida com alimentos mais nutritivos como farinha, peixe, entre outros, obtinham maior sucesso no desenvolvimento dos filhos.

“Para diminuir a desnutrição e a mortalidade infantil, eles colocaram ‘essas mães’ em contado com as outras que não obtinham o mesmo resultado – claro – sempre respeitando as diversidades culturais entre elas”.

Os resultados positivos de experiências como essas foram adaptadas para diversos setores da sociedade, inclusive, para a saúde. O Einstein é o primeiro hospital brasileiro a trabalhar os conceitos do Positive Deviance com o corpo clínico. Nos Estados Unidos, 153 instituições de saúde fazem parte, desde 2007, do movimento Tolerância Zero, que combate infecções bacterianas utilizando conceitos da filosofia.

Prática no Brasil

Reuniões a cada 15 dias entre o corpo clínico das unidades de terapia intensiva e semi-intensiva são feitas no Einstein. A ideia é trocar experiências e resultados entre as equipes. Em 2008, o Einstein estabeleceu a meta de reduzir ao máximo as infecções na semi-intensiva e intensiva pela bactéria resistente à meticilina Staphylococcus aureus, também conhecida pela sigla inglesa MRSA (Methicillin-resistant Staphylococcus aureus). Com três meses de programa a entidade reduziu em 52% os índices de infecção hospitalar através de dispositivos invasivos.

Para Marra, a diminuição é resultado do envolvimento de todos os colaboradores, que expõem suas dificuldades e sugestões.

A partir daí constatou-se que o uso de álcool gel é fundamental no combate à infecção hospitalar, apresentando resultados mais satisfatórios do que a lavagem das mãos com sabonete. “O uso de álcool gel equivale a uma lavada de mão e é muito mais prático e ágil. A utilização do produto passou de 15 mil por mês para 40 mil”, enfatiza.

Segundo Marra, o controle por meio de auditorias não é suficiente para avaliar os cuidados de higiene dos profissionais. Dessa forma, em cada dosador de álcool gel foi colocado um contador eletrônico (24hs). “Com isso, temos um balanço do uso do produto e conseguimos saber se está sendo utilizado de forma adequada”, diz o infectologista. De acordo com Marra, de uma forma geral tem como estimar qual deve ser o uso mínimo tendo em vista os procedimentos direcionados ao paciente.

Além dos benefícios para o paciente, o Positive Deviance valoriza a participação de todos os profissionais envolvidos na assistência. “O método estimula muito a criatividade. Para ilustrar as reuniões, os profissionais editam vídeos, fazem poesias, organizam apresentações de peças de teatro. Tudo em prol de melhores práticas assistenciais”.

Fonte: www.saudeweb.com.br | 22.06.11


Posts relacionados

Saúde Empresarial, por Redação

Brasil vai produzir remédio contra mal de Parkinson

Medicamento dicloridrato de pramipexol atualmente precisa ser importado do laboratório alemão Boehringer Ingelheim. Prazo para início da produção é de três anos

Saúde Empresarial, por Redação

Novo teste ajuda a avaliar se dor no peito é sinal de ataque cardíaco

Um novo teste de previsão de risco cardíaco desenvolvido por pesquisadores europeus é capaz de identificar se pacientes com dor no peito têm chances reais de sofrer um infarto.

Saúde Empresarial, por Redação

Cinco modos simples de melhorar sua saúde

Revista médica reuniu estudos que indicam que medidas simples como tomar aspirina, comer peixe e manter a higiene bucal podem reduzir o risco de diversas doenças

Saúde Empresarial, por Redação

Governo vai pagar diária de R$ 300 para hospital tratar dependente químico

O Ministério da Saúde publicou nesta quarta-feira (1º) uma portaria com as regras para o repasse de verba extra para a criação de 3.508 leitos em enfermarias especializadas no atendimento de dependentes químicos, como viciados em crack, álcool e outras drogas.

Deixe seu Comentário:

=