Publicado por Redação em Notícias Gerais - 08/04/2014

Desvalorização do dólar pode trazer alívio à elevação de preços

Em meio a várias notícias negativas para a inflação neste começo de ano, o Banco Central ganhou uma ajuda inesperada que pode ter impacto favorável sobre os preços no segundo semestre, justamente quando, nas expectativas do mercado, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 12 meses deve ultrapassar o teto da meta inflacionária, de 6,5%.
 
A apreciação recente do real frente ao dólar, influenciada principalmente pela forte entrada de recursos externos, não estava na conta dos analistas, que trabalhavam com dólar na casa de R$ 2,40 em meados de março e também no começo de abril. Ontem, porém, a moeda americana encerrou o dia a R$ 2,22 e, desde o início do ano, acumulou perda de 5,81% em relação ao real. Economistas já estão revisando para baixo suas estimativas para o câmbio ao fim de 2014, o que também pode acarretar cortes nas projeções para o IPCA.
 
Segundo o boletim Focus, divulgado ontem pelo Banco Central, o consenso de mercado para a alta da inflação oficial de 2014 subiu de 6,30% para 6,35%. Em sentido contrário, a mediana para a taxa de câmbio no fim do período recuou ligeiramente, de R$ 2,46 para R$ 2,45, enquanto as expectativas para a média do ano diminuíram de R$ 2,42 para R$ 2,40. Tendo em vista a continuidade do fluxo positivo de recursos ao país, alguns economistas já consideram que essa projeção pode estar superestimada.
 
Para Cristiano Oliveira, economista-chefe do banco Fibra, os números atuais dos analistas dão muito peso aos vetores que tendem a depreciar a divisa doméstica, como o baixo crescimento, por exemplo, mas podem não levar em conta as operações de "carry-trade", que buscam ganhar com a arbitragem de juros e seguem firmes. Como a taxa Selic está em 11% ao ano e, para os analistas do Focus, deve aumentar para 12% em 2015, ele diz que é evidente que existe assimetria vantajosa dos juros no Brasil em relação aos juros de outros países.


Por ora, Oliveira trabalha com câmbio médio de R$ 2,38 em 2014, mas afirma que essa previsão tem viés de baixa. Se a estimativa para o dólar for revista, o economista aponta que sua projeção para o aumento do IPCA no ano, atualmente em 6,6%, também deve ser reduzida. Nos cálculos do Fibra, cada 10% de variação do câmbio tem impacto de 0,52 ponto percentual no IPCA, num prazo de até 12 meses.
 
Em relatório da consultoria Macrométrica, o ex-presidente do Banco Central Francisco Lopes afirma que a determinação do Banco Central em prolongar o ciclo de aperto monetário está "derretendo" a taxa de câmbio. Lopes espera que a Selic encerre 2014 em 11,25% ao ano.
 
Lopes avalia que a cotação do dólar chegará ao fim do ano em R$ 2,30. "Esse cenário de evolução relativamente benigno para a taxa de câmbio melhora bastante a perspectiva para a taxa de inflação de 2014", nota o economista, que cortou para 5,8% sua estimativa para o IPCA acumulado do ano.
 
No cenário de Lopes, não há como evitar o pico em 12 meses a ser alcançado pela inflação em agosto ou setembro, mas, com o atual patamar do dólar, ou, ainda, com alguma valorização adicional do real frente à moeda americana, este pico não deve ficar longe de 6,5%.
 
No curto prazo, diz Luis Otavio de Souza Leal, economista-chefe do ABC Brasil, o câmbio tende a ajudar o Banco Central a controlar a inflação e pode contrabalançar, ainda que em menor medida, os impactos do choque agrícola sobre os preços. "Pode ser que o câmbio não chegue a R$ 2,50 no fim do ano, que é o teto do meu intervalo inicial de projeções, mas acho que esse patamar abaixo de R$ 2,30 não condiz com a conjuntura atual", pondera, no entanto, o economista.
 
Leal considera que sua estimativa para o avanço do IPCA em 2014, de 6,2%, pode, contudo, sofrer alguma pequena revisão para baixo, dependendo da trajetória do dólar ante o real daqui para frente.
 
 
Fonte: Valor Online - São Paulo/SP - BRASIL


Posts relacionados

Notícias Gerais, por Redação

Dependente do IR poderá ter até 32 anos

Idade máxima, aprovada em comissão do Senado, valerá para quem cursar faculdade ou escola técnica

Notícias Gerais, por Redação

Mercado troca dólar por R$ 1,77 em sessão instável

A taxa de câmbio doméstica alcança R$ 1,773 nas primeira hora de operações desta quinta-feira, em um declínio de apenas 0,05% sobre o fechamento de ontem.

Deixe seu Comentário:

=